quinta-feira, 16 de abril de 2009

refugios

De Sentimentos em prateleiras


Todos temos aquele cantinho no mundo onde nos sentimos confortáveis, protegidos, escondidos.
Para uns é o recolhimento da casa da infância, para outros aquele local secreto que mais "ninguém" conhece.
Para outros, como para mim, é a estrada, o trilho. A curva que se aproxima e a expectativa do que está por trás.
É a distancia do que vamos abandonando, do que vamos deixando cada vez mais longe.
Faço quilómetros, por vezes na esperança que tudo o que me chateia e me desorganiza a sanidade mental se perca no caminho enquanto me persegue.
A cada passo os problemas lá vão ficando, os medos e inseguranças cansam-se e toda a ignorância do mundo se esquece de mim. E como o sentimento é mutuo!!!
Debaixo dos meus pés os metros vão voando, o peso da mochila ás costas e o bastão na mão relembra-me que ainda respiro e por vezes só a minha máquina, fiel companheira de qualquer caminhada, me faz mais tarde deixar acreditar no que vi.
Há uns dias atrás fui visitar um sitio que já muitas vezes tinha rondado, enfrentei o frio da manha e lá fui deixar o meu corpo desenhado na areia vazia.
Se acham que ainda não existem paraísos, fui descobrir um aqui pertinho, na serra de Sintra.
Uma praia deserta, sem salva vidas, sem crianças a correr e gritar, sem olhares avaliadores.
Um sitio onde pude regressar a mais pura essência humana, a liberdade de sermos quem queremos ser.
Rapidamente fui alvo da curiosidade das minhas únicas companheiras que não se incomodaram de me mostrar que estava na condição de invasor, as gaivotas.
E enquanto as via a voar e antes de me deixar entrar num sono reconfortante, fui pensando num livro que li nos tempos da juventude, Jonathan Livingston Seagull.
E senti pena que muitas pessoas que conheço não o tivessem lido para puderem cedo aprender o principio mais básico da condição humana, o respeito pelos outros. Que pudemos e devemos cada dia nos superar a nós mesmos e com essa experiencia ajudar os outros.
Por vezes é dificil sermos ou sentirmo-nos diferentes, por vezes é ainda mais dificil vermos mais além que os outros.

"Vocês querem voar tão grande a ponto de perdoar o bando, e aprender, e voltar a eles um dia e trabalhar para ajudá-los a se conhecer?"
Fernão, in Fernão Capelo Gaivota
De Sentimentos em prateleiras




2 comentários:

Inês disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
GraçaGrega disse...
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