terça-feira, 21 de outubro de 2008

Ainda falam em conversa da treta

-És um tipo muito fútil, sabias?
-Admira-me.
-O que te admira?!?
-Que consigas compreender o significado dessa palavra...Mas porque carga de água dizes isso?
-Já viste que nunca falas sobre nada, sobre ti, da tua vida e problemas. Quando estamos juntos é sempre o mesmo, sexo.
-Ok, e sobre o que queres tu falar?
-Olha, nada...
-Diz lá, a crise e economia mundial, o conflito de Darfur? Como me correu o dia ou sobre charutos cubanos?!?
-Olha foda-se. Não entendes nada. Por isso te chamei aquilo.
-Eu entendo, não te entendo é a ti.
-Não entendes porque? Só gostava de saber que temos nós afinal? Isto é só sexo?
-Ha, afinal também entendes...
-Olha lá, pensas que isto é usar e mandar fora?
-Não te chateies, fazemos assim. Usa-me também, eu prometo que não fujo.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Olá





Olá,
Sempre apanhaste o tal comboio,
Eu ja perdi dois ou três.
Entre o ócio e as esquinas
Ganhei o vício da estrada.
Nesta outra encruzilhada
Talvez agora a coisa dê,
O passado foi à história
Cá estamos nós outra vez.

Conheço a tua cara
Mas não sei o teu nome,
Escrevo já aqui não sei o quê
Arroba ponto com.
Eu vou-te reencontrar
Noutro bar de estação,
Ou talvez quando perder
Mais um avião.
O barco vai de saída
Tu estás tão bronzeada,
é tão bom ver-te assim ardente
tão queimada

Eu quero reencontrar-te
Noutra esquina qualquer,
Sem saber o teu nome
Ou se ainda és mulher.
Quero reconhecer-te
E beber um café,
Dizer-te donde venho
E perguntar-te porquê.
Sorrir-te cá do fundo
E subir os degraus,
Eu quero dar-te um beijo
A cinquenta e tal graus.

Eu quero reencontrar-te
Noutra esquina qualquer,
Sem saber o teu nome
Ou se ainda és mulher.
Quero reconhecer-te
E beber um café,
Dizer-te donde venho
E perguntar-te porquê.
Sorrir-te cá do fundo
E subir os degraus,
Eu quero dar-te um beijo
A cinquenta e tal graus.

Sempre apanhaste o tal comboio
Eu ja perdi dois ou três.
Entre o ócio e as esquinas
Ganhei o vício da estrada,
Nesta outra encruzilhada
Talvez agora a coisa dê,
O passado foi à história
Cá estamos nós outra vez
Cá estamos nós outra vez.

Olá, Jorge Palma



sábado, 8 de março de 2008

Ausência

Pudia jurar que ainda agora te senti aqui a meu lado.

Que ainda agora senti novamente tua respiração deitada em meu peito e teu braço no meu.

Por vezes acordo e ainda sinto teu cheiro na cama. Nesta cama que nunca foi tua, onde nunca repousaste.Onde teu corpo nunca foi corpo, apenas sonho.

É a ausência na presença.

Não quero ninguém a pisar os meus passos.

Ninguém a aliviar minhas quedas.

Na falta da visão vou dar cabeçadas na parede.

Vou seguir meu caminho na solidão, como sempre fiz, sozinho entre a multidão.

domingo, 2 de março de 2008

As minhas ilusões

Hoje vi as estrelas a serem cobertas pelo manto da alvorada.

A pouco e pouco todas desapareceram e só a lua ficou á espera do sol.

Ainda lhe sussurrei que não ficasse, que fosse iluminar outras terras, que ela e o sol jamais se tocariam.

Teimosa como eu lá ficou, imóvel e desesperada até que o sol do céu a apagou.

Ilusões, por vezes regemos a nossa vida em função de ilusões.


Influenciamos-nos e tentamos-nos enganar a nós próprios por algo que queremos acreditar que é verdade, algo que queríamos que fosse verdade.


Como eu e tu, queria realmente que nós existissimos, que fôssemos algo. Mas o que somos é só uma ilusão. Uma ilusão de sabor amargo no meu caminho.


Como deves ter reparado, nós já não vivemos no mesmo mundo. Aliás, nossas galáxias nem sequer são vizinhas.


Tu seguíste a tua vida, eu segui a minha. Viveste novas experiencias, adquiriste novos conhecimentos



E são essas experiências de vida, o carácter que adquirimos ao longo dela que nos pôs em caminhos diferentes, que te levou a emigrar do meu mundo.


Hoje tomei uma decisão, desistir das ilusões. Sê feliz no teu mundo, eu fico com o meu.


Beijo

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

viagens

Bati-te á porta, levava nos bolsos o universo para te oferecer.

Queria dizer-te: -Vai á varanda e olha em redor, tudo o que vês é o que tenho para te dar. Ofereço-to embrulhado em sorrisos.

Mas nunca chegaste a tirar a corrente da porta.

Do outro lado da porta falaste-me de nós e do passado, falaste do presente e esqueces-te o futuro.

Deixaste-me só nos meus pensamentos e duvidas. As coisas que nos aconteceram, os momentos que vivemos e as memórias em que nos tornámos.


Tanta pergunta que ficou por fazer. Sabes, tinha tanta coisa na minha alma para te dizer e tantas respostas que queria saber que acabaram por se atropelar umas nas outras. Perguntas que nunca tiveram resposta, segredos que nunca te contei, coisas realmente importantes que fiquei sem te dizer. Seriam realmente importantes, mudariam algo? Seriam importantes se o fizessem...


Frequentemente encontro-me perdido a pensar em ti, tudo á minha volta serve de pretexto para me recordar de ti. Mas nada é pior que estar á noite deitado, no escuro, sem conseguir dormir.

Deixei passar aquela oportunidade, aquela que nos aparece uma vez na vida, sem hipótese de repetir, como o artista que anda no fio, caí sem uma rede.
Li uma vez algures: Há quatro coisas que não voltam para trás: a pedra atirada, a palavra dita, a ocasião perdida e o tempo passado.
Já mandei muitas pedras na vida e disse muitas vezes o que não queria dizer, mas o que realmente me arrependo foi da ocasião perdida, ocasião de ter podido passar mais tempo contigo.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O alquimista

Gostava de ser alquimista. Ser mestre na arte de fazer poções de amor ou um perfume irresistível que com uma só gota te fizesse perder de amor por mim.
Misturava uns pozinhos de estrela, um raio de luar, uma porção do meu amor por ti e um suspiro teu.
Agitava tudo levemente e servia-to na concha das minhas mãos.
Se não resultasse fazia é Neandertal, pancada na cabeça e arrastava-te para casa.

Pensamentos

Hoje tive tempo de sobra para pensar em mim. Tempo e motivo.
No modo como conduzo a minha vida e como encaro as relações com as pessoas que a partilham comigo.
Ao que devo ou deveria dar mais valor, na vida, nas pessoas, nas relações.
O que faz de um desconhecido um perfeito amigo? O que faz que aquela pessoa se torne especial. Como nos consegue compreender tão bem, por vezes melhor que nós.
Opiniões similares, gostos e hobbies idênticos?!? Mais longe que isso, o modo de encarar e ultrapassar as situações. O completar a nossa frase ou saber o que queremos no tocar de um olhar.
Conhecer nossa voz, nosso silencio, nossos tiques e linguagem corporal.
Saber o sentido de cada frase, ouvi-las de maneira diferente das outras pessoas.
Saber se por trás de um sorriso naquele momento não vive uma tristeza e se no silencio não nos agarra a insegurança ou medo.
Antecipar reacções, compreender os erros e desculpá-los. Permiti-los até.
Acho que isso é que é aquela pessoa especial, alguém que nos conhece melhor que nós.
E não é a quantidade de anos que partilhamos que o faz. É o amor e carinho que depositamos na outra pessoa e na amizade.
E tal como se ganha também se perde, não é em vão o ditado popular, como a flor a amizade tem mesmo de ser regada.
E a distancia cria espaços, construção de carácter e personalidade que perdemos, que não assimilámos.
E a cumplicidade escoa-se.
Perguntei-me hoje várias vezes, o que será mais importante ao dividir uma relação.
Sabes, compreendi o óbvio, que existe muita coisa em ti que não conheço algumas coisas que não entendo. Coisas que o tempo resolverá

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

A esperança é afinal um bicho papão

Por vezes acho que me permito ter um pouco de esperança.
É que estar perto de ti faz-me mal.
Faz-me sentir que pudemos recomeçar onde ficámos, onde um dia me perdi de ti. Depois sais de perto de mim e apercebo-me que estou de novo sozinho, que a esperança partiu para ir enganar outra pessoa algures no mundo.
A esperança é como o bicho papão, aquela personagem que serve para assustar as criancinhas e obrigar a comer a sopa que se esconde debaixo da cama. Mal nos descuidamos põe a mão de fora para nos assustar e magoar, por isso deixo-me ficar sossegado e tento não deixar a esperança espreitar debaixo da cama.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Deixei-te partir

Estão a repicar os sinos ao fundo da rua, e só eu sei o porque.
Choram a morte dele.
Assisti a tudo, da 1º fila, e não tive reacção para fazer nada.
Deixei-o ali, prostrado na minha frente, a definhar, a sangrar até à ultima gota, a mirrar aos poucos e poucos á frente dos meus olhos.
E eu imóvel, estupidamente cobarde a olhar para ele. Deixei-o ir.
Nem sequer tentei fazer como vejo nos filmes, a respiração boca a boca e as mãos a pressionar violentamente o peito na esperança de o reanimar. Na esperança dele inspirar no ultimo segundo possível, no momento em que a musica vira de trágica para romântica. De ele voltar a abrir os seus olhos e fitar-me com os seus olhos lindos a sorrir para os meus.
Mas também como poderia ele sorrir para mim? Logo eu que fui tão injusto com ele, que o fiz sofrer. Que durante toda a sua vida o carreguei na palma da minha mão com cuidado para não o deixar tombar e magoar. Para quando ele mais precisava de mim o largar.
Fiz-o perder-se de mim, corri mais rápido que ele e fui-me escondendo. Abandonei-o.
Hoje enquanto ele perecia nos meus braços ainda olhei para ele, ainda que quis dizer:
- Ó Srº "teu amor por mim" , não partas. Fica comigo e deixa-me encher-te de novo de vida.
Mas não tive coragem

 
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