sábado, 2 de fevereiro de 2008

Deixei-te partir

Estão a repicar os sinos ao fundo da rua, e só eu sei o porque.
Choram a morte dele.
Assisti a tudo, da 1º fila, e não tive reacção para fazer nada.
Deixei-o ali, prostrado na minha frente, a definhar, a sangrar até à ultima gota, a mirrar aos poucos e poucos á frente dos meus olhos.
E eu imóvel, estupidamente cobarde a olhar para ele. Deixei-o ir.
Nem sequer tentei fazer como vejo nos filmes, a respiração boca a boca e as mãos a pressionar violentamente o peito na esperança de o reanimar. Na esperança dele inspirar no ultimo segundo possível, no momento em que a musica vira de trágica para romântica. De ele voltar a abrir os seus olhos e fitar-me com os seus olhos lindos a sorrir para os meus.
Mas também como poderia ele sorrir para mim? Logo eu que fui tão injusto com ele, que o fiz sofrer. Que durante toda a sua vida o carreguei na palma da minha mão com cuidado para não o deixar tombar e magoar. Para quando ele mais precisava de mim o largar.
Fiz-o perder-se de mim, corri mais rápido que ele e fui-me escondendo. Abandonei-o.
Hoje enquanto ele perecia nos meus braços ainda olhei para ele, ainda que quis dizer:
- Ó Srº "teu amor por mim" , não partas. Fica comigo e deixa-me encher-te de novo de vida.
Mas não tive coragem

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