terça-feira, 31 de março de 2009

Nostalgias

Hoje foi dia de ir a LX jantar a casa da mãe, sabe sempre bem e faz-nos sentir um enorme conforto aquela quantidade toda de atenção e mimos.
Sempre vivi em Lisboa, adoro a cidade e até à pouco tempo não me imaginava a viver fora dela. Achava impensável a minha vida sem o perpétuo movimento da minha zona, dos passos que não desistem de passar a porta, dos sons do quotidiano e barulhos banais ou/e irritantes que parecem não ter fim e dão fundo musical à vida.
Onde moro agora, substituí o som do eléctrico pela água do riacho e a azáfama das pessoas pelo cantar dos pássaros.
Mas ir a Lisboa, para além das dores de cabeça e bagagem de stress que trago de retorno a casa, faz-me bem a alma.
Cada passo que dou traz-me à memória mil recordações, cada esquina que viro reconta-me mil histórias e cada bica que peço faz-me sentir ainda o cheiro dos cigarros fumados em volta de 2 dedos de conversa e confissões. Ai que saudades dos cigarros... :|
Sinto com prazer os degraus da Bica e o carril do ascensor debaixo dos meus pés enquanto olho para as fachadas amarelas do prédio de uma grande amiga, desvio-me com irritação da porcaria deixada pelos cães no passeio da Rua de Sº Paulo e da Boavista, e olho com alegria a magnifica igreja do Largo.
Sinto pena de os jardins da Ribeira, de Santos e da Estrela serem hoje em dia locais intransitáveis no calor da noite de verão.
O mercado da Ribeira ergue-se imponente e faz-nos mergulhar numa mistura de cheiros de peixe, verduras e gritos das suas vendedoras. Delicioso. Delicioso como o seu cacau e a proposta de o saborear de madrugada, para recarregar as baterias.
Mas à um local que por ter nascido e ter sido lá criado me faz parar o carro e ficar a recordar cada vez que lá passo, abrandar o passo e redescobrir o que o tempo mudou e manteve intacto.
Ainda lá está a minha velha casa, cortinas dançando ao vento nas janelas partidas a deixar mistérios do que por trás espreita, na minha velha rua, no velho bairro da ajuda.
Dou a volta ao quarteirão para descobrir que ainda está pintada na parede a baliza com 20 anos. Que ainda falta no chão a pedra da calçada onde os soldadinhos de plástico se entrincheiravam e que os meus sonhos ainda lá estão.
Por cima da baliza, pintada na parede de uma casa à anos vazia, situa-se a entrada para um antigo mundo de fantasia. Aquele velho telhado que dava acesso através de uma radical descida e consequente escalada no regresso, muitas vezes apressado, a uma quinta antiga e abandonada que servia de recreio para o grupo.
Volto a essa rua sempre com prazer, visito a Kokas e novamente nos sentamos na conversa.
Voltei à pouco tempo a reencontrar a maior parte dos meus amigos de juventude que as atribulações da vida me foi fazendo perder o contacto, as minhas primeiras amizades na vida, pessoas que me marcaram e por isso mesmo ausentes fazem sempre parte dela.
Tenho saudades dos longosss jogos de monopólio que nunca eram acabados no quintal da Sandra e das tardes passadas de volta do ZX Spectrum e da Nintendo a jogar o inovador super Mario.
As voltas de bicicleta a Monsanto ou a Algés, das futeboladas na rua à porta de casa com 2 calhaus a fazer de baliza, da velocidade e quedas do skate em agora insensatas descidas da calçada.
No verão vinham as caminhadas até Belém para apanhar o cacilheiro e seguir a pé até a praia de São João da Caparica, de mochila ás costas e prancha debaixo do braço.
Hoje em dia encontro as pessoas desprovidas de sentimentos, almas vazias. E isso deixa-me vazio a mim.
E por isso sinto a falta dos meus amigos de infância e daquele sentimento de amizade, pura e verdadeira.
E por isso, mesmo que eu seja agora irreconhecível ao meu EU juvenil e que eles sejam também pessoas totalmente diferentes, dá-me prazer estar com eles. Faz-me sentir de novo aquela amizade verdadeira mesmo que o tempo e a distancia já tenha diluído um pouco esses sentimentos no percurso da vida.
Porque como alguém disse um dia, todo o meu património são os meus amigos.
A eles mil beijos e abraços.

Por ordem alfabética(se não me enganar)

Nocas, a minha mana
Ana Paula, confidente da adolescência e com a irritante mania de me chamar de copinho de leite...:)
Paula ( Kokas )
Sandra

Alexandre( Chanolas )
Carlitos
Luis( Xafaris )
Marco e Filipe
Miguel ( Migalhas )
Puto Roque
Rodrigo
To-Zé( Tozas )
E claro, mesmo que as decisões que tomamos façam tornar as situações irreversíveis, o Nelson, uma das maiores amizades que já tive e sem duvida uma das pessoas a quem dei uma grande desilusão.

2 comentários:

Inês disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Uma Gaja disse...
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